sábado, 18 de agosto de 2012
PRODUÇÃO DE TEXTO
Para trabalhar com esse eixo lingüístico em sua sala de aula, você deve refletir primeiramente as questões abaixo:
• Quais habilidades preciso desenvolver em meus alunos para que eles possam escrever um texto?
• Qual é a minha contribuição enquanto professor para desenvolver a capacidade de produzir textos em meus alunos?
• Como direciono o antes, o durante e o depois quando trabalho a produção de textos com meus alunos?
• O trabalho de revisão de textos em sala de aula está possibilitando o aprendizado para futuros textos?
• Os critérios de correção estão possibilitando que meus alunos reflitam sobre a escrita?
• Quais alternativas estou trabalhando para que os alunos encontrem estratégias que irão possibilitar o aperfeiçoamento de sua criação?
O trabalho com produção de textos tem como finalidade formar escritores competentes e capazes de produzir textos coerentes, coesos e eficazes.
O conhecimento a respeito de questões dessa natureza tem impli¬cações radicais na didática da alfabetização. A principal delas é que não se deve ensinar a escrever por meio de práticas centradas apenas na codificação de sons em letras. Ao contrário, é preciso oferecer aos alunos inúmeras oportunidades de aprenderem a escrever em condições seme¬lhantes às que caracterizam a escrita fora da escola. É preciso que se coloquem as questões centrais da produção desde o início: como escre¬ver, considerando, ao mesmo tempo, o que pretendem dizer e a quem o texto se destina - afinal, a eficácia da escrita se caracteriza pela aproxi¬mação máxima entre a intenção de dizer, o que efetivamente se escreve e a interpretação de quem lê. É preciso que aprendam os aspectos notacionais da escrita (o princípio alfabético e as restrições ortográficas) no interior de um processo de aprendizagem dos usos da linguagem es¬crita. É disso que se está falando quando se diz que é preciso “aprender a escrever, escrevendo”.
Para aprender a escrever, é necessário ter acesso à diversidade de textos escritos, testemunhar a utilização que se faz da escrita em diferentes circunstâncias, defrontar-se com as reais questões que a escrita coloca a quem se propõe produzi-Ia, arriscar-se a fazer como consegue e receber ajuda de quem já sabe escrever. (Mesmo que seu objetivo seja que o aluno escreva para você ler/corrigir – sem a intenção de comunicação - é bom que criemos situações idealizadas para o aluno escrever e que ele veja objetivo na sua escrita. Vamos sempre lembrar que a escrita tem a função de comunicar e vamos incutir isso em nossos alunos para que eles não pensem que devem escrever só para a professora corrigir seus erros). Sendo assim, o tratamento que se dá à escrita na escola não pode inibir os alunos ou afastá-los do que se pretende; ao contrário, é preciso aproximá-los, principalmente quando são iniciados “oficialmente” no mundo da escrita por meio da alfabetização. Afinal, esse é o início de um caminho que deverão trilhar para se transforma¬rem em cidadãos da cultura escrita.
Se o objetivo é formar cidadãos capazes de utilizar a escrita com eficácia,que tenham condições de assumir a palavra - também por escrito – para produzir textos adequados, é preciso organizar o trabalho educativo para que experimentem e aprendam isso na escola. É necessário, portanto,ensinar os alunos a lidar tanto com a escrita da língua- os aspectos notacionais relacionados ao sistema alfabético e às restrições ortográficas- como com a linguagem escrita - os aspectos discursivos relacionados à linguagem que se usa para escrever). Para tanto é preciso que, tão logo o aluno chegue à escola, seja solicitado a produzir seus próprios textos, mesmo que não saiba grafá-los, a escrever como lhe for possível, mesmo que não o faça convencionalmente.
Quando se analisam as principais dificuldades de redação nos dife¬rentes níveis de escolaridade, freqüentemente se encontram narrações que “não contam histórias”, cartas que não parecem cartas, textos expositivos que não expõem idéias, textos argumentativos que não de¬fendem nenhum ponto de vista. Além disso, e apesar de todas as corre¬ções feitas pelo professor, encontram-se também enormes dificuldades no que diz respeito à segmentação do texto em frases, ao agrupamento dessas em parágrafos e à correção ortográfica. Uma das prováveis razões dessas dificuldades para redigir pode ser o fato de a escola colocar a ava¬liação como objetivo da escrita.
Compreendida como um complexo processo comunicativo e cognitivo, como atividade discursiva, a prática de produção de textos pre¬cisa realizar-se num espaço em que sejam consideradas as funções e o funcionamento da escrita, bem como as condições nas quais é produzida: para que, para quem, onde e como se escreve.
Formar escritores competentes supõe, portanto, uma prática con¬tinuada de produção de textos na sala de aula, situações de produção de uma grande variedade de textos de fato e uma aproximação das condições de produção às circunstâncias nas quais se produzem esses textos. Diferentes objetivos exigem diferentes gêneros e estes, por sua vez, têm suas formas características que precisam ser aprendidas.
TRATAMENTO DIDÁTICO
Abaixo, estão relacionados alguns procedimentos didáticos para implementar uma prática continuada de produção de textos na escola:
• oferecer textos escritos impressos de boa qua¬lidade, por meio da leitura (quando os alunos ainda não lêem com independência, isso se torna possível mediante leituras de textos realizadas pelo professor, o que precisa, também, ser uma prática continuada e freqüen¬te); São esses textos que podem se converter em referências de escrita para os alunos;
• solicitar aos alunos que produzam textos mui¬to antes de saberem grafá-los. Ditar para o professor, para um colega que já saiba escre¬ver é uma forma de viabilizar isso. Quando ainda não se sabe escrever, ouvir alguém lendo o texto que produziu é uma experiência importante;
• propor situações de produção de textos, em pequenos grupos, nas quais os alunos com¬partilhem as atividades, embora realizando di¬ferentes tarefas: produzir propriamente, grafar e revisar.
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