O ATO DE EDUCAR: CONDIÇÃO PARA EFETIVAÇÃO DE UMA APRENDIZAGEM AFETIVA
O ATO DE EDUCAR: CONDIÇÃO PARA EFETIVAÇÃO DE UMA APRENDIZAGEM AFETIVA
Já
é um consenso entre os pensadores da educação, traduzido inclusive na
Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9394/96, que a
educação é um processo de vida e não uma mera preparação para a vida.
Sendo assim, há de se ressignificar os processos didáticos, de modo que,
através deles, possa a vida fazer parte do cotidiano educativo.
Essa
ressignificação passa primeiramente pelos conceitos que se tem a
respeito de educação e a quem, ou o quê, ela se destina. Para isso, há
de se ter uma visão mais significativa e ampla do mundo em que vivemos,
seus conceitos, sua utopia, e o tipo de cidadão que ele (o mundo),
precisa para enriquecê-lo, transformá-lo e pensá-lo de forma mais
crítica, criativa e amorosa.
Ao
se falar em mundo em que vivemos, é preciso também demonstrar: que tipo
de mundo é esse. Mundo do trabalho? Mundo político? Mundo intelectual?
Mundo Globalizado?
Não
se pode simplesmente determinar que a escola deva formar um cidadão
para atuar no mundo do trabalho, ou no mundo político, ou no mundo
intelectual. Isso seria no caso, tarefa da educação acadêmica onde os
seres humanos vão se especializando até encontrar o caminho a que se
pretende atuar. A escola básica, e é a ela a que vamos nos referir, deve
pensar numa formação que todos deveriam ter, independente do papel
social e econômico que virá a ter no futuro.
Desse
raciocínio é que se vai priorizar os conhecimentos que esses cidadãos
vão precisar, e entre eles: O domínio de diferentes linguagens,
capacidade de utilização de equipamentos sofisticados, boa comunicação
escrita, talento para trabalhar em equipe, iniciativa de tomar decisões e
a capacidade de adquirir e processar novas informações.
Essas
habilidades para serem de fato desenvolvidas vão desmontar muito
daquilo que acreditamos ser uma relação professor - aluno, aluno -
professor, metodologia, métodos e técnicas educacionais, objetivos de
ensino, currículo, pedagogia e didática. Elementos de todo o processo
ensino-aprendizagem.
Percebe-se
que durante um bom tempo, mais precisamente a partir da década de 80,
pesquisadores em educação, teorizaram muito mais sobre o que deveria ser
ensinado, ou como um sujeito aprende, abandonando técnicas e maneiras
de se ensinar, como se assim tivessem se distanciando de uma educação
bancária, aquela com um fim em si mesma. Com isso, muitos professores
foram formados teoricamente, enquanto que na prática "se viraram" em
busca de "receitas" que resolvessem questões simples, como alfabetizar,
por exemplo. A técnica, ou estratégia em si mesmo realmente não se
convence, mas, enquanto um caminho, com objetivos bem claros e
definidos, torna-se essencial para aqueles que fazem o educar um
exercício crítico, criativo e construtivo.
É
claro que sendo o aluno o agente da aprendizagem e o professor aquele
orientador/facilitador dessa aprendizagem, é necessário alguns
instrumentos que o ajudem facilitar esse processo. Além disso, há de se
considerar que não existem dois sujeitos iguais e, portanto, não se
aprende do mesmo jeito, ao mesmo tempo, de maneira semelhante. A
inteligência é algo que vai se construindo gradualmente pela estimulação
e o desafio. Desafio este que depende de uma seqüência lógica,
psicológica, ou seja, continuidade. Sendo assim, o professor deve
adaptar sua ação a essas realidades tão diferenciadas, ou seja, tratar
diferentes, de maneiras diferentes, dando oportunidades iguais para a
aprendizagem.
Além
disso, temos o que se chama de Motivação, que é aquilo que faz com que
queiramos aprender ou saber algo. Sem essa motivação, é impossível que
se convença alguém a mudar um comportamento, uma postura, ou adquirir um
novo conhecimento. O professor neste caso tem um papel fundamental, já
que ele pode proporcionar em suas aulas situações motivadoras,
relacionando aos conhecimentos que seus alunos já possuem, e/ou através
de diferentes estratégias sistêmicas, seqüenciais e combinatórias.
Se
não contamos ainda com suficiente conhecimento de teoria e pesquisa
para saber quais são as características pessoais que mais influem sobre a
aprendizagem e de que maneira o fazem; na verdade temos pistas, o
primeiro passo é considerar primeiro que, estamos lidando com pessoas,
pessoas que nada mais são que um conjunto de diferentes aspectos
intrínsecos e extrínsecos a ela e que lhe dão características próprias e
singulares, com uma forte carga de conteúdo emocional, ou seja,
afetividade. Sendo assim, ao se perguntar como ensinar, caso já se tenha
definido o que ensinar, respondo: escute o seu coração. Coloque amor
nos seus atos educativos, tempere os conteúdos com carinho, e proponha
situações onde todos se sintam felizes.
Educar
para o deleite, para a felicidade, deveria ser o objetivo número um de
todas as propostas curriculares e planejamentos de ensino. Educar é uma
atitude séria, comprometida, mas pode (e deve) também ser prazerosa,
para todas as partes, professores e alunos. E mais, embora não
desconsidere todos os fatores internos e externos desse processo, a
forte carga de compromisso, vai depender primeiramente daquele que
escolheu a docência como profissão e, portanto, objetivo de vida.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. 18 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
VEIGA, Ilma A (org). Técnicas de Ensino: Por que não? São Paulo: Papirus, 1991.
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